Netflix usa inteligência artificial em suas produções?

A Netflix deu um passo ousado em direção ao futuro do entretenimento. Em sua mais recente conferência para investidores, os coCEOs Ted Sarandos e Greg Peters revelaram que a plataforma já está utilizando inteligência artificial generativa para criar cenas de séries e filmes. A iniciativa, embora polêmica, inaugura uma nova fase na produção de conteúdo digital, com impactos que vão muito além da redução de custos.

A estreia da IA em produções da Netflix

A primeira aplicação prática da IA generativa aconteceu na série argentina “O Eternauta” (El Eternauta). Segundo Sarandos, uma cena complexa de um prédio desabando foi produzida com ajuda de uma ferramenta de IA. O resultado impressionou: o tempo de finalização da cena foi dez vezes menor do que com ferramentas convencionais de efeitos visuais.

Mais do que economia, a IA se mostrou capaz de viabilizar efeitos que não caberiam no orçamento da produção. “Se não fosse pela IA, essa cena não teria sido possível”, afirmou o executivo.

Pessoas reais + ferramentas melhores

Sarandos fez questão de enfatizar que a tecnologia está sendo usada como apoio, não substituição. “São pessoas reais trabalhando de verdade com ferramentas melhores“, disse ele. A Netflix acredita que a IA pode ampliar o acesso a recursos que antes eram exclusivos de grandes orçamentos, como é o caso de efeitos visuais avançados e rejuvenescimento facial.

Com isso, criadores conseguem planejar melhor cenas, gerar pré-visualizações e acelerar o fluxo criativo, mantendo a qualidade.

O impacto da IA nas produções audiovisuais

Apesar do otimismo, a adoção da IA levanta preocupações. Ferramentas como Sora (da OpenAI) e Veo 3 (do Google DeepMind) já são capazes de gerar cenas, objetos e até rostos humanos realistas. Isso gera receios sobre a redução de vagas para atores e profissionais de efeitos visuais.

A Netflix tenta equilibrar a narrativa, reforçando que o foco é dar suporte aos criadores. Mas não há como ignorar que a presença da IA vai crescer em todos os estágios da produção.

IA vai muito além das séries e filmes

Greg Peters, também coCEO da Netflix, afirmou que a empresa já vem usando IA também para personalização de conteúdo, recomendações de busca e otimização de anúncios. Ou seja, a tecnologia está integrada em praticamente todas as camadas da experiência do usuário.

A expectativa é que, nos próximos anos, a IA também ajude a criar roteiros, cenários virtuais e até mesmo diálogos gerados automaticamente.

Netflix segue lucrativa em meio às mudanças

Apesar da polêmica sobre o uso de IA, a Netflix divulgou resultados financeiros positivos:

  • US$ 11,08 bilhões em receita no segundo trimestre de 2025.
  • US$ 3,13 bilhões de lucro.
  • Crescimento de 16% em relação ao ano anterior.

A estratégia da empresa mostra que apostar em inovação tecnológica pode ser também um caminho rentável.

A revolução da IA no entretenimento já começou

O uso de IA pela Netflix não é apenas uma curiosidade tecnológica: é o início de uma revolução que vai redesenhar os bastidores do entretenimento. Resta saber como o mercado, os profissionais e o público vão reagir.

Por enquanto, a mensagem é clara: a IA não é mais o futuro do audiovisual. Ela é o presente.

Fonte oficial: BBC

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