
A decisão da SanDisk e da Western Digital de reajustar em até 50% os preços de memória NAND usada em SSDs não é apenas um detalhe de bastidor da indústria: é um recado direto de que a pressão da IA e dos data centers começa a redesenhar o custo do armazenamento no mundo inteiro. Quando um dos principais fornecedores de chips de memória decide cobrar mais caro nos contratos, toda a cadeia sente, de grandes fabricantes de servidores às linhas mainstream vendidas no varejo.
Para o consumidor final, especialmente no Brasil, a pergunta é inevitável: essa alta contratual vai bater na etiqueta dos SSDs ainda em 2025/2026? Destrinchamos o que é fato, como funciona esse efeito dominó e qual a postura inteligente para quem planeja upgrades de PC, notebook ou servidor.
O que está confirmado nos contratos e relatórios
Relatórios de mercado apontam que a SanDisk/Western Digital comunicou aumentos significativos nos preços de wafers e chips de NAND firmados em contratos com clientes, com reajustes que podem chegar à faixa de 40%–50% em determinados acordos. A justificativa central combina oferta mais controlada com demanda crescente, cenário clássico em ciclos de memória, mas agora amplificado pelo apetite da IA.
Essas informações vêm de fontes especializadas em cadeia produtiva de semicondutores e de análises de consultorias que acompanham de perto os movimentos das fabricantes de memória.
IA, data centers e por que a memória ficou mais valiosa
A explosão da inteligência artificial generativa e de serviços em nuvem transformou NAND e DRAM em ativos estratégicos. Grandes players de IA, provedores de nuvem e empresas de tecnologia estão fechando contratos volumosos para garantir estoque de longo prazo. Quando esses gigantes ocupam a linha de frente, sobra menos flexibilidade para o restante do ecossistema, especialmente para produtos voltados ao consumidor final.
Na prática, isso dá às fabricantes espaço para reajustar preços sem medo de ficar com chip parado. Se o custo base da NAND sobe nos contratos corporativos, os fabricantes de SSDs precisam decidir se absorvem parte do impacto (reduzindo margem) ou repassam, total ou parcialmente, para o varejo. Em um cenário de demanda firme, repassar vira opção cada vez mais provável.
Efeito dominó: quem paga a conta na cadeia dos SSDs
A alta contratual da SanDisk/Western Digital tende a chegar primeiro em fabricantes que compram grandes volumes de chips para montar seus próprios SSDs e soluções de armazenamento. Em seguida, o movimento alcança distribuidores e varejistas, ajustando preços ao longo dos meses.
É importante entender que o aumento de “até 50%” não significa automaticamente SSDs 50% mais caros na prateleira. O impacto depende do mix de contratos, do estoque existente comprado a preços antigos, da concorrência com outras fornecedoras de NAND e da estratégia de cada marca. O ciclo de SSD barato e abundante perde força, especialmente nas linhas de maior capacidade e desempenho.
Alta pontual ou nova realidade?
Esse movimento combina três fatores estruturais: consolidação de fabricantes, demanda sustentável por IA e nuvem, e o fim de um período de preços deprimidos da NAND, em que muitas empresas venderam próximo ao custo para escoar estoque.
Não significa que veremos um aumento infinito e linear. Ciclos de memória ainda existem e correções futuras são possíveis. Mas, no curto e médio prazo, a tendência é de patamar mais alto e menor espaço para promoções agressivas em SSDs de qualidade, principalmente em capacidades acima de 1 TB e modelos PCIe de última geração. Em outras palavras: quem esperava que os preços continuassem caindo indefinidamente precisa recalibrar a expectativa.
Impacto prático para o Brasil: como o consumidor deve se posicionar
Para o consumidor brasileiro, o recado é simples: planejamento. O varejo sente os efeitos com alguns meses de atraso (câmbio, estoque antigo, negociações), então ainda há espaço para boas oportunidades em promoções e datas sazonais.
Se você já sabe que vai precisar de um SSD maior ou mais rápido em 2025/2026, acompanhe preços desde agora e aproveite ofertas consistentes em marcas confiáveis. Empresas, integradores e creators que dependem de muito armazenamento podem considerar compras antecipadas bem calculadas para reduzir exposição a saltos de preço, sem corrida irracional, mas também sem contar que os valores voltarão ao piso recente.
Planejamento em vez de manchete alarmista
O aumento agressivo nos contratos de NAND da SanDisk/Western Digital é um sinal claro de que a era dos SSDs consistentemente baratos está sob pressão da corrida da IA e da demanda corporativa.
Nossa posição é objetiva: quem depende de armazenamento deve usar informação, não medo, para decidir. Acompanhe o mercado, priorize marcas confiáveis, não adie upgrades críticos sem motivo e esteja pronto para um cenário em que SSDs de alta performance custam um pouco mais do que nos últimos ciclos.




